Girassóis pelo mundo

Viajar nos permite realizar sonhos, ampliar sonhos, ver com os próprios olhos aquilo que costumamos ver em livros e na TV. Neste sentido, viajar é sempre uma dupla jornada, física e espiritual (talvez não seja à toa que “viajar” ganhou um sentido denotativo de ir além da realidade). É difícil ficar indiferente à sensação indescritível que assola quando se tem a noção de estar num local histórico ou diante de uma obra de arte famosa.
Momentos assim trazem à tona uma série de sentimentos, pensamentos e sensações. Aciona-se a imaginação – “Como tudo ocorreu naquele lugar? Em que circunstâncias o quadro foi pintado?”. Recorre-se aos referenciais geográficos, sociais, históricos, temporais – “Isto aconteceu há 500 anos”, “Isto foi pintado há 800 anos”. É definitivamente um sentimento diferente.
É certo que nem todas as pessoas têm essa explosão de sensações; é preciso estar disposto a isso. Quem as sente, porém, sabe o valor exato de cada um desses momentos.
Quando me deparei com o quadro “Guernica” (Museu Reina Sofia, Madri), pintado por Pablo Picasso como crítica à Guerra Civil Espanhola, senti um assombro pela magnitude do trabalho. Quando estive frente a frente com a “Monalisa” (Museu do Louvre, Paris), o mais famoso (embora talvez não o mais belo) quadro de Leonardo da Vinci, fui surpreendido. Embora pequeno, o quadro é maior e mais bonito do que eu imaginava. Infeliz de quem um dia o descreveu como “um quadrinho”.
Quando vi “Os Girassóis”, de Van Gogh, na National Gallery, em Londres, parecia que estava num ambiente iluminado. É impossível descrever a cor que o quadro emana (sim, porque a cor salta aos olhos). Mal eu sabia (confesso) que havia outros “Girassóis” mundo afora. Só fui descobrir isso quando, após rir diante do uso de uma imagem do quadro no tíquete do Museu Van Gogh, em Amsterdã, achando que se tratava de propaganda enganosa, deparei-me com a obra lá dentro. Como? Dois “Girassóis”? Ou eu teria visto uma réplica em Londres? Ou a réplica estaria ali?
Somente aí descobri que Van Gogh pintou entre 1888 e 89 vários quadros semelhantes, com girassóis, para decorar o quarto do amigo Paul Gauguin, a quem convidara para estar com ele em sua casa-ateliê em Arles, no sul da França. A história a partir daí é um tanto longa (brigaram, Gauguin foi embora, etc...). O fato é que Van Gogh deixou ao mundo sete “Girassóis” – três deles com 15 flores, outros dois com 12, um com cinco e outro com três.
Hoje, cinco deles estão em museus e um numa coleção particular nos EUA (um outro foi destruído pelo fogo durante a Segunda Guerra Mundial).




Já tive a oportunidade de ver três “Girassóis” (os que estão em Londres, Amsterdã e no Museu de Arte da Filadélfia). Todos despertaram a mesma sensação de surpresa ante a beleza da obra. Uma beleza única e que paradoxalmente varia conforme a cor do quadro. Agora, resta-me correr atrás dos outros dois - eles estão em Tóquio (Japão) e Munique (Alemanha). E pensar que estive tão perto de ambos...


Yes, I did! - Uma experiência no Turner Field

Para mim, viajar é mais que conhecer novos lugares. É experimentar sensações. Por isso, sempre que viajo procuro testar experiências que possam me aproximar do lugar onde estou, seja frequentando restaurantes, bares e cafés que os moradores locais frequentam, caminhando por onde eles caminham, fazendo compras em supermercados, farmácias e bancas, indo a jogos, etc.
Jogos. Eis a união de duas paixões, turismo e esporte. Dependendo do destino, sempre checo o calendário esportivo para ver se algum evento irá ocorrer. Foi assim que fui parar numa tarde fria de domingo no Coliseum Alfonso Peres, em Getafe, para assistir a Getafe x Barcelona pela Liga Espanhola. Assistir in loco a uma partida de uma das principais ligas de futebol do mundo foi uma emoção indescritível, que valeu cada um dos 50 euros pagos pelo ingresso. Ver de perto o Barcelona (embora eu tenha torcido pelo Getafe) foi igualmente emocionante. O jogo terminou 1 a 1.
Recentemente, deparei-me com a possibilidade de assistir a uma partida de beisebol pela liga profissional norte-americana. Fiquei entusiasmado. O jogo seria em 15 de setembro, terça-feira, às 19h10. Atlanta Braves x New York Mets. O site do Braves oferecia toda a facilidade (como é praxe nos grandes eventos) para a compra do ingresso. Bastava escolher a área do estádio em que pretendia ficar (ou seja, quanto estava disposto a pagar), solicitar uma cadeira e informar o cartão de crédito. Optei por um lugar de frente para o telão. Paguei pouco mais de 30 dólares e recebi por e-mail um código.
No dia, confesso que estava em dúvida sobre como ir ao estádio e voltar. Andando por Atlanta, descobri que o sistema de transporte público – MARTA – disponibilizava um ônibus Shuttle para os jogos do Braves. Fui eu me informar e descobri que estava a poucos passos do ponto de partida. Melhor: a passagem custaria apenas 2,25 dólares.
Cheguei ao Turner Field por volta de 17h e já havia vários torcedores lá. Na bilheteria, um guichê específico do “Will Call” (para compras pela Internet). Uma atenciosa atendente procurou o envelope com meu nome (isto mesmo, com meu nome) e lá estava meu ingresso. Na entrada, cada torcedor ganhava uma revista do jogo (isto mesmo, do jogo). Um monitor em cada portão (isto mesmo, um em cada portão) levava os torcedores a seus lugares.
A partir daí foi só curtir. Muito. Um telão fenomenal; um sistema de som empolgante, que funciona durante todo o jogo; cerveja, refrigerante e pizza por todo canto; promoções durante a partida, com prêmios para os torcedores... Em campo, um verdadeiro banho do time da casa – 6 a 0 (confesso que achei o jogo um pouco parado na comparação com o futebol, mas ainda assim curti). Adam LaRoche foi o nome da noite com dois “home runs” (quando o jogador dá uma rebatida perfeita e roda todas as bases).



O jogo terminou por volta das 21h30. Na saída do estádio, ainda sem saber que rumo tomar, vi uma placa informando sobre o ponto de táxi. Pronto, problema resolvido.
E para quem pensa que a experiência acabara, qual não foi minha surpresa ao abrir minha caixa de e-mail e me deparar com uma mensagem: “Game recap and thank you from the Braves” (isto mesmo, um feedback, um pós-venda). “Hi Rodrigo, we hope you enjoyed your recent visit to Turner Field”. O e-mail seguia com um resumo do jogo (placar, jogadas, etc), vídeos do jogo (o que ilustra esta postagem foi feito por mim), um pedido de comentário e a oferta de um desconto de 50% na compra do próximo tíquete.
Agora, diga aí: eles sabem ou não promover um jogo?

Ah, antes que eu me esqueça, preciso responder ao comentário dos Braves citado anteriormente: “Yes, I did!”

NY400

Nova York, aquela que é considerada a capital do mundo, está comemorando 400 anos! E para celebrar a data, uma série de atividades foi organizada durante todo o ano, culminando com a NY400 Week entre 8 e 13 de setembro, a semana da celebração.
A comemoração tem um toque holandês, já que foram os holandeses que chegaram primeiro à cidade sob comando de Henry Hudson no navio Meia Lua (cuja réplica também faz parte da festa e vai ancorar em NY dia 9). Para as festividades, até uma vila holandesa foi montada perto de Battery Park.
Para quem tiver interesse em saber mais, clique aqui.

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