A magia de San Siro

Fiquei meses pensando em como começar este texto, que fala de um sonho de juventude. Busquei inspiração e não encontrei. Então, decidi começar assim, falando do que eu não consegui. Não consegui encontrar palavras que pudessem transmitir a emoção de um sonho. Um sonho realizado, com sacrifício e dúvida - o que torna a sua realização ainda mais especial. Durante anos, sonhei com o dia em que visitaria a Itália. Durante anos, planejei essa viagem. Ela deveria ser especial entre tantos motivos porque teria que incluir uma partida do Milan no lendário estádio “Giuseppe Meazza”, o San Siro. Até que o dia chegou. A agenda do Calccio marcava para domingo, 31 de outubro, um confronto do Milan. Não um jogo qualquer: simplesmente o maior clássico do país, um dos maiores do mundo, opondo duas das mais ricas equipes italianas, duas das mais ricas cidades italianas. Milan x Juventus, Milão x Turim.
A visão daquele calendário esportivo foi suficiente para me colocar em êxtase. Finalmente poderia realizar meu sonho - e de uma forma muito maior do que eu jamais imaginara. A decisão, então, estava tomada: eu tiraria uma cidade do roteiro com o único objetivo de retornar antes a Milão a fim de ver o jogo. A partir daí, um outro desafio se impunha: conseguir um ingresso. Na internet, logo descobri que a venda só acontecia dias antes da partida – que acabou antecipada para sábado, dia 30. Portanto, quarta-feira seria um bom dia para adquirir o ingresso.
Ainda em Florença, no hotel, à noite, a expectativa pela concretização do sonho deu lugar ao nervosismo e à decepção. Ingressos esgotados... Raiva e inconformismo. Senti-me como uma criança que espera a vida toda por um presente que não vem. Por sorte, isso tudo durou não mais que cinco minutos. Rapidamente tomei a decisão, solitária, de arriscar: estaria em Milão no sábado. Os “deuses” do futebol, se é que existem, iriam me ajudar.
E assim foi. Sábado, 14 horas, estava de volta ao mesmo hotel que me recebera dias antes. Na recepção, uma única questão me interessava. Fui direto: “vim até aqui só para ir ao jogo do Milan. Preciso de um ingresso”. Sim, tentei parecer ameaçador e sofrido. Desnecessário. Com um sorriso tranquilo, o recepcionista manifestou que tentaria uma entrada ao mesmo tempo em que vi um panfleto oferecendo ingressos aos hóspedes. Fui tomado por um sentimento infantil: o presente com que tanto sonhei estava ali.
Ainda tive que ouvir o alerta do recepcionista sobre o preço majorado do ingresso pela compra em cima da hora (para os padrões europeus evidentemente). No que respondi sem hesitar: “eu pago!”.
Às 17 horas, conforme combinado, o ingresso me aguardava no hotel. Após uma rápida visita ao estádio para conhecer o caminho, estava pronto. Enfrentar o metrô lotado, aguardar a passagem de dois comboios sem condições de embarque, seguir a longa caminhada de quase meia hora entre a estação e o estádio eram temperos insignificantes para quem estava vivendo um sonho.






Não é preciso descrever o que é San Siro, seu significado para o esporte (em particular para o futebol) e para os tifosi. Não é preciso descrever o que representa a camisa rubronegra, de pequenas listras verticais. Não é preciso detalhar a organização, a segurança, o espetáculo. Basta dizer que se tratava de um sonho se tornando real - e quem nunca sonhou...
As bandeiras tremulando, a torcida gritando, os jogadores se aquecendo à frente eram mais que um sonho. Eram um tsunami de emoções invadindo a alma, devastando o âmago de um ser naquele momento reduzido a uma pobre criança inocente e feliz. Nada me escapava, cada detalhe fazia diferença, do tamanho reduzido dos assentos do estádio ao canto dos torcedores; dos juventinos ao meu redor ao carro estacionado num canto do gramado; do placar mostrando a chegada dos astros à maca levando um deles, que se machucara numa disputa de bola.
Naquele momento, pouco importava que o Milan tivesse perdido o clássico por 2 a 1, que o time de Felipe Melo (sim, aquele da Copa de 2010...) tivesse superado o de Robinho e Pato, que os “rossonero” tivessem deixado o estádio discutindo se Ibrahimovic devia ser titular, que uma chuva fina insistia em cair durante o trajeto até o metrô... Nada importava, a não ser a onipresença do tempo, que fez tudo parar por alguns instantes. Mágicos instantes em que um humilde objeto circular, disputado com afinco, rodou pelo manto verde – e “sagrado” - de San Siro. E eu estava lá!





PS 1: o ingresso para a partida custou 90 euros, algo em torno de R$ 225 pelo câmbio da época. Por ter comprado o tíquete de terceiros, recebi junto dele uma carta de "cambio nominativo" (ou seja, troca de titularidade). Fiquei em dúvida se deveria levá-la ao estádio. Por sorte levei. Ela foi exigida na hora de passar pela catraca...

PS 2: Robinho não jogou nada e parecia não querer entrar em bola dividida; Ibrahimovic perdeu alguns gols “imperdíveis”; Pato até que tentou, mas foi sacado pelo técnico; o treinador do Milan parece não entender muito do riscado.

PS 3: a Curva Sud, principal torcida organizada do Milan, deu um show!


Santo! Santo! Santo!

Primeiro foi santo Ambrósio (ou sant´Ambrogio, em italiano). Depois, vieram santo Antônio, santa Reparata, são Marius, santa Giuliana Falconieri, são Marcos, santa Fina, beata Umiliana e tantos outros. Nunca, em toda minha vida, tinha tomado contato com tantos santos, santas e mártires como naqueles 15 dias na Itália.
Mais do que o aspecto meramente religioso, o que chamou a atenção em todos os encontros com ossadas, corpos e relíquias foram as histórias de vida. Afinal, santos hoje, homens e mulheres ontem. Histórias de fé e sacrifício, coragem e devoção. Histórias que remontam aos primórdios da Igreja Católica – o cristianismo foi aceito e a igreja devidamente oficializada após uma vitória do imperador Constantino 1º no ano 312 d.C.
Este é o caso dos mais emblemáticos (do ponto de vista visual) dos santos com que tive contato, santo Ambrósio. Bispo de Milão, ele nasceu em 340 d.C. e morreu em 4 de abril de 397. Enfrentou poderosos, deixou escritos que orientam a Igreja e guiam sua liturgia até hoje – é considerado, segundo pesquisei, um dos quatro doutores da Igreja, embora não saiba o que isso signifique. É venerado na cidade onde seu corpo repousa por ter supostamente livrado os locais de uma peste.
O corpo de Ambrósio hoje pode ser visto na basílica que leva seu nome, mais conhecida como Duomo de Milão. Está numa cripta de prata, ao lado dos mártires cristãos (também citados como santos em alguns escritos) Gervásio e Protásio, nascidos no século 2 d.C. e venerados pelo então bispo, que quis ficar sepultado ao lado deles.
Vestidos em trajes eclesiásticos ricamente decorados, os mártires com túnicas vermelhas e o santo com uma dourada, os corpos impressionam. Não estão propriamente incorruptíveis; são esqueletos, mas cuja presença é impactante. Ambrósio expõe no dedo anular dois anéis e guarda ainda seu cajado de bispo. Na cabeça, a mitra incrustada de pedras. (Apenas como informação, pois com estes não tive contato, os irmãos mártires são filhos de são Vitálio e santa Valéria. A história deles está ligada ainda a são Nazário.)



Santo Antônio, de Padova, é do ponto de vista religioso o mais venerado dos santos que encontrei. Sua basílica não deixa dúvidas sobre isso. Embora fique numa cidade bem menos visitada do que Milão ou Roma, por exemplo, o templo atrai fiéis de toda parte do mundo. Não estão ali para conferir a arquitetura ou a beleza artística do prédio; não, estão lá com um único objetivo: venerar o santo.
Como descobri durante a viagem, com raras exceções, corpos de santos são dilapidados. Há partes espalhadas por todos os cantos. São os relicários, com dentes, dedos, pedaços de ossos e tudo o mais. Assim, dizer que o corpo de santo Antônio repousa dentro de um túmulo de granito verde-escuro é quase uma figura retórica. Há ali mesmo, a poucos metros do corpo, atrás do altar (com acesso pago, registre-se), vários relicários com pedaços do padroeiro daquela igreja e de outros santos.
O túmulo fica na nave lateral esquerda (tendo o altar como referência). A decoração é suntuosa. No local, fiéis passam em silêncio. Alguns param e fazem rápidas orações. Todos, porém, repetem sistematicamente o mesmo gesto: colocar a mão naquela pedra gelada, mas de forte valor simbólico. Fotos são proibidas (eu não respeitei a norma). Ao lado do túmulo, um mural acumula imagens e recados de pessoas que tiveram graças supostamente atendidas pelo santo.
Ainda em Padova, está sepultado são Gregório Barbarigo, cardeal que viveu no século 17, canonizado pelo papa João 23 em 1960.



Na pequena e esplendorosa San Gimignano, no alto de uma montanha na Toscana, fica a casa de santa Fina, outra descoberta das terras italianas. Nascida em 1238, pouco se sabe a respeito desta jovem que viveu apenas 15 anos. Conta-se que era devota da virgem Maria. Ficou gravemente doente aos dez anos de idade - os relatos indicam uma possível tuberculose, que a paralisou gradativamente.
Fina teria recusado passar seus dias numa cama, tendo optado pela tábua de uma mesa. Perdeu os pais e manteve-se fiel às suas crenças. Sua devoção chamou a atenção dos moradores. Ela morreu em 12 de março de 1253, dia de são Gregório - de quem teria recebido uma mensagem dias antes da sua morte, numa visão. Rapidamente, sua fama de santa se espalhou, sendo venerada até hoje.
O ponto alto da veneração é sua casa, uma moradia rústica, sem nenhum sinal de riqueza. A fachada é de pedra, com uma pequena porta e um pequeno telhado de madeira protegendo a entrada. Ao lado, uma peça de cerâmica - desenhada de modo simples - traz uma imagem da santa e da cidade, conhecida por suas torres, além das datas de nascimento e morte da jovem. A modesta casa de número 2 fica no começo de uma rua de pouco movimento e acentuado declive no centro histórico de San Gimignano.



Em Florença, os relicários se multiplicam. Na Ospedale degli Innocenti, o mais antigo abrigo de crianças da Europa, um ossuário – inclusive com o crânio – traz a inscrição de S. Marius. Ao lado da Ospedale, na Basílica della Santissima Annunziata, igreja de fachada simples e interior ricamente decorado, descansa santa Giuliana Falconieri, religiosa dos séculos 13-14 até então desconhecida e incorruptível (quando o corpo é misteriosamente preservado). Um recado informa que, por precaução, o rosto deu lugar a uma máscara (muito bem feita, por sinal). As mãos, porém, são da própria santa (e é o que se vê do corpo, naturalmente).




Na Igreja de Santa Croce, está o corpo da beata Umiliana de’ Cerchi, uma religiosa que viveu no século 13 e de quem também nunca tinha ouvido falar, como tantos outros santos que encontrei pelo caminho.


No Museu dell´Opera del Duomo, a lista de relicários é enorme. Estão lá pedaços de ossos atribuídos a santos – como santa Ágata, san Girolamo, san Giusto, santa Reparata, san Simeone Stilita - e até são João Batista e apóstolos de Cristo, como são Felipe. Não falta também um pequeno pedaço de madeira que seria, na tradição cristã, da cruz em que Jesus foi crucificado.




Supostos pedaços da Santa Croce também estão em outros locais, como num relicário na Galeria dell´Academia, em Veneza, e num casarão em Lucca, onda aparece inclusive uma espécie de certificado – datado do final do século 19 - atestando quem um fio de veludo ali exposto pertenceu ao pano que supostamente cobriu o corpo de Cristo no sepulcro.



Santa Reparata, aliás, dava nome à igreja sobre a qual está erguido o atual Duomo de Florença, renomeado Santa Maria del Fiore. O templo original foi destruído na Guerra Gótico-Bizantina, em meados do século 6º. Sobre seus escombros, foram erguidas duas capelas. Até que elas deram lugar ao atual duomo. Os vestígios da igreja original - inclusive com o pedaço de uma escadaria - e das capelas estão embaixo do piso da atual basílica. Lá no sítio arqueológico, há ossadas empoeiradas com inscrições curiosas. Numa delas, “S. Benedicti”. Em outra, “caput S. Sisimi”. E numa terceira, “S. Angelix”.
Registros da história da cidade, da região, da igreja, do mundo. Registros de vida e morte, de homens e mulheres que viveram sua fé e, em razão dela, ganharam o “status” de santos, beatos, mártires. Amém.



A Piazza della Signoria de Florença

“Uma volta pela Piazza della Signoria em uma manhã quente de primavera fará você se sentir em uma Disneylândia histórico-artística, com filas serpentinas na Uffizi e o Davi de Michelangelo (o falso) no papel de Mickey Mouse. Saia do roteiro tradicional, no entanto, (...) e o mais provável é que você se veja contemplando pouco mais que fachadas de pedra. Muitas das ruas são tão estreitas que, quando passar um carro, você terá que se encostar na parede, feito gato assustado. Por onde quer que você vá há portas tão imensas que foi preciso entalhar dentro delas outras portas, menores, de tamanho humano; há até mesmo portas de madeira que foram esculpidas para parecer de pedra. Todas estão fechadas – ainda assim, quando se abre uma delas e surge um velho cachorro schnauzer, puxando a guia segura por sua condessa, durante o milésimo de segundo em que ela mexe com as chaves você vislumbrará o pátio com uma fonte (...). Aí a porta se fecha rangendo e você fica outra vez sozinho com o que McCarthy chamou de ‘autoritárias superfícies’ das fachadas. (p. 16-7)
(...) Se a melhor hora para olhar a praça é cedinho, logo depois do amanhecer, a melhor maneira de chegar até lá é partindo do rio: sobe-se a Lungarno Archibusieri, dobra-se à direita e, de repente, no fim do longo corredor Uffizi, abrindo-se como um fórceps, lá está ela – lá está você. Você fica parado, no centro do mundo. A piazza paira sobre você. (...) Perto do Palazzo Vecchio, Netuno se banha em uma fonte que em geral está desligada. O falso Davi medita, eros escorrendo de seus longos dedos. Hércules castiga o vencido Caco. Poucos lugares no mundo são tão ricos em acontecimentos históricos. Afinal de contas, nesta piazza, Savonarola queimou as vaidades e foi, ele próprio, queimado. (...) Cellini inaugurou seu Perseu de bronze. O Davi de Michelangelo foi erguido e, então, alguns séculos mais tarde, levado para a Accademia, em trilhos especialmente adaptados. A rainha Vitória atravessou esta piazza de carruagem. Distúrbios ocorreram aqui, sangue foi derramado em grande quantidade e da sacada do Palazzo Vecchio, em 1938, Hitler apertou a mão de Mussolini enquanto os fascistas cantavam.
Hoje algas verdes cobrem as panturrilhas de Netuno. As algas são os pés-de-atleta da história. A piazza é o banheiro dos séculos, onde deuses e heróis desfilam nus, mostram genitais enormes, gabam-se de conquistas, exibem troféus. (...)






À noite, a impressão é ainda mais forte. Tochas ao longo das bordas do Palazzo Vecchio emprestam um vivo esplendor às pedras, como se a luz as fizesse derreter. Nessa hora, a vista de Netuno, com sua escorregadia umidade branca, basta dar água na boca. Olhando-o, você finalmente entende por que os escultores brigavam pelos blocos de mármore branco de Carrara. (p. 34-5)
(...) Todo verbo ligado a vistas florentinas implica colapso, submissão. Há momentos, especialmente à noite, em que uma caminhada pela Piazza della Signoria me deixa estupefato (...).” (p. 33)





* Texto extraído do livro “Florença, um caso delicado”, de David Leavitt (Companhia das Letras).

Um passeio por Odaiba

Já escrevi aqui sobre as curiosidades da minha viagem ao Japão. Desta vez, quero falar especificamente de Daiba, ou Odaiba, a região onde fiquei hospedado em Tóquio. E por quê? Simplesmente porque ela sintetiza muito do espírito japonês e da geografia do país.
Quando lá estive, em 1999, o moderno bairro de Odaiba tinha cerca de 15 anos de existência. Novíssimo, portanto. Era a modernidade destoante numa nação de cultura e tradições milenares. Uma região nova numa cidade que se reconstruiu no pós-Segunda Guerra. Essa reconstrução buscou atender duas necessidades: a reforma em si e a busca de espaço.
Como se sabe, o Japão é uma pequena ilha (ou melhor, um arquipélago com 6.852 ilhas, sendo quatro principais). Ocupa uma área de 377.873 quilômetros quadrados e tem uma população de 127 milhões de pessoas – do que resulta uma densidade de 337 habitantes por quilômetro quadrado. Para se ter uma ideia do que isso representa, a densidade demográfica brasileira é de 22 habitantes por quilômetro quadrado.
Números apenas ajudam a reforçar o grande desafio japonês: para onde crescer? A este enorme desafio, somam-se outros: onde plantar? Onde despejar o lixo? Onde cuidar de rebanhos? Onde enterrar os mortos? Talvez tantos obstáculos para a vida cotidiana tenham feito do Japão um berço de soluções inovadoras, planejamento e tecnologia. Talvez tenham reforçado nesse povo tradicionalmente guerreiro o desejo de lutar e vencer.
É neste contexto que Odaiba se encaixa. O novo bairro de Tóquio, uma metrópole com cerca de 13 milhões de moradores, foi criado sobre o mar. Isto mesmo! O Japão teve que avançar sobre a água para criar espaços. Como fez isso? Usando lixo no aterramento como uma espécie de alicerce para criar pequenas ilhas. Eureka! Dois problemas resolvidos “numa cajadada só”, como diz o ditado.
Odaiba é, por si só, um invento. Uma lição num país que luta para sobreviver. Odaiba é, por si só, uma existência. A bem da verdade, a região já existia e foi remodelada em meados dos anos 1990. Ainda assim, é um exemplo. A reurbanização da área atraiu empresas de grande porte, como shoppings e hotéis. Arranha-céus foram erguidos, expondo uma arquitetura inovadora e futurista – como a torre da Fuji TV, toda vazada, com um grande círculo rompendo seus traços retilíneos. Toda a transformação custou mais de US$ 10 bilhões.



Do hotel, o Le Meridien Gran Pacific Daiba, é possível ver toda a imponência da baía de Tóquio, a que teve uma parte aterrada para dar origem ao bairro. Na rua, a limpeza chama a atenção, juntamente com a calçada de granito. Isto mesmo, granito! Um piso especial, amarelo e com bolinhas (hoje usado em alguns locais no Brasil), serve de indicação para deficientes visuais. Um exemplo de inclusão social!
A sinalização de trânsito também é exemplar, como quase tudo no Japão no que diz respeito à educação e cidadania.
A paisagem de Odaiba é limpa: não há fios de eletricidade ou telefonia. Todo o cabeamento é subterrâneo. No ar, o destaque é outro: o sistema de transporte, que se junta perfeitamente à modernidade da área. Trilhos suspensos, com os “monorails”, riscam a paisagem. As estações de metrô têm conexão com os prédios de modo que você pode sair do quarto do hotel e ir direto para o trem sem ter que passar pela rua. Tudo parece uma coisa só – e funciona!
“Os ‘monorails’ passam ao redor de várias atrações, destacando a vasta área coberta sobre estas ilhas. As construções são bem espaçadas e os estacionamentos – os maiores que já vi no Japão – parecem estar cheios. (...) O ‘monorail’ faz suas curvas, permitindo ver edifícios de múltiplos ângulos.” O relato, preciso, aparece num blog de um turista norte-americano, mas bem podia ser meu. Era exatamente a imagem que se apresentava a partir da janela do quarto 1.232 do Gran Pacific.
Segundo um guia turístico do Japão, Odaiba é um bairro popular de compras e entretenimento construído  numa ilha artificial na baía de Tóquio. Talvez fosse mais simples dizer que Odaiba é “simplesmente um luxo!” (parafraseando um conhecido apresentador de TV brasileiro).
Em tempo: por luxo, neste caso, entenda-se um projeto bem sucedido sob todos os aspectos. Um conceito que ultrapassa a mera definição financeira que uma leitura superficial pode dar a entender.





PS: o exemplo de reaproveitamento bem-sucedido do lixo em Odaiba foi alvo de uma reportagem do jornalista Roberto Kovalick, correspondente da TV Globo no Japão. Ela foi veiculada em abril de 2010 no “Bom Dia Brasil” e pode ser lida aqui.

* Como não tenho fotos da área, captei imagens diversas na Internet, como no site do Le Meridien Gran Pacific Daiba e no Wikitravel, e também no Google Street View.
  
* O blog do turista norte-americano David Ing, citado nesta postagem, pode ser acessado aqui. 

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