Tal como Nova York, Chicago exige que se olhe para o alto. Prédios pontiagudos, sacadas onduladas que parecem bailar, estruturas metálicas que desafiam a racionalidade. E não só exige que se olhe para o alto, também convida a viver experiências incríveis nas alturas. Um exemplo? Suba ao Sky Deck da Willis Tower e vá até a sacada de acrílico que deixa a pessoa com a sensação de estar voando sobre a cidade.
É um “puxadinho” que atrai turistas de todos os lugares, todos empolgados querendo registrar em fotos seus momentos de coragem. É uma diversão, um barato mesmo! Algo único – não foi à toa que li num guia da cidade uma sugestiva frase: “Chicago - dare to walk on air” (algo como “atreva-se...” ou “ouse caminhar no ar”). Experimente!
É um “puxadinho” que atrai turistas de todos os lugares, todos empolgados querendo registrar em fotos seus momentos de coragem. É uma diversão, um barato mesmo! Algo único – não foi à toa que li num guia da cidade uma sugestiva frase: “Chicago - dare to walk on air” (algo como “atreva-se...” ou “ouse caminhar no ar”). Experimente!
Nesse mesmo guia, uma outra
seção trazia outra frase significativa: “You don’t come to Chicago. Chicago comes to you” (algo como “Você não
vem para Chicago. Chicago vem até você”). Faz sentido. Afinal, é difícil não se
encantar pela cidade, envolver-se por ela e com ela, tão diversa em tantos
aspectos.
Tão
diversa que tem até um quê de Gothan
City, a cidade fictícia onde Batman vive suas aventuras. Não que seja sombria
como a sua parceira dos quadrinhos, mas ela bem que serviria de cenário para as
histórias do Homem-Morcego. Aqueles arranha-céus todos; os trilhos elevados do
metrô cortando a cidade; os becos e as longas avenidas cairiam bem como cenário
para os saltos do personagem, as corridas do “batmóvel”, a luz que serve de
sinal para indicar perigo e chamar o super-herói.
Chicago, porém, é real. Bem
real. Ao contrário de outras cidades norte-americanas, que parecem feitas para
turistas, a maior cidade do estado de Illinois tem nas suas qualidades e nos
seus defeitos de cidade grande um encanto especial. Não espere de Chicago a
perfeição da estrutura viária que se vê no centro de Atlanta. Não espere de
Chicago os luminosos “fake” de Las Vegas. Não espere de Chicago a gente chique
que se vê nas praias de Miami.
Não, Chicago é uma cidade de
verdade, com trabalhadores indo e vindo apressadamente, carros cruzando de um
lado a outro, gângsteres (claro, isto é um certo exagero, uma licença poética,
mas na terra de Al Capone vale; refiro-me a gente como os aliciadores de
clientes para taxistas, que abordam ostensivamente e com certa agressividade
verbal os pedestres em determinados pontos, como na saída de um jogo de
basquete).
A cidade tem recantos belos e
cantos escuros. Tem luz e escuridão. Novas e antigas pontes. Novas e antigas
casas. Novas e antigas indústrias. Novos e antigos bairros. Gente pobre e gente
rica. Brancos e negros. Terra de harmonia e contrastes. A beleza da arquitetura
pensada e construída pelas mãos do homem ao lado da beleza natural resultante
da ação dos átomos ou feita pelas mãos de Deus, conforme a crença de cada um.
A modernidade que se vê na
arquitetura se repete nos parques e jardins. Lá, as fontes não são como cá.
Duvida? Você já viu uma fonte exibindo um grande sorriso? Olhando para você?
Cuspindo água para encharcar os engraçadinhos desavisados que param para tirar
uma foto? E você por acaso já imaginou algo que se parece com uma bolha gigante
de mercúrio como um grande espelho a refletir – e deformar e divertir - a
cidade e você e todos mais que por ali estiverem? E se você colocar tudo isso
ao lado de um prédio de arquitetura clássica onde funciona um museu com obras
de arte igualmente clássicas? E se tudo isto estiver num amplo espaço verde que
recebe o pretensioso nome de “millenium”? Bem-vindo a Chicago!
E a cidade tem muito mais e é
muito melhor do que qualquer coisa que dela já se escreveu. Lembro, então, do
poeta Gonçalves Dias: “Não permita Deus que eu morra, / Sem que eu volte para
lá; / Sem que desfrute os primores / Que não encontro por cá (...)”.