Por coincidência (já que eu
desconhecia a data oficial do evento), estive duas vezes em NY justamente
durante a semana da moda. Não entendo nada sobre o assunto e tampouco sabia que
o evento acontece anualmente no mês de setembro para antecipar as tendências do
próximo verão no hemisfério Norte. O fato é que estava andando com dois amigos
quando nos deparamos com uma movimentação diferente. Gente descolada chegava
para alguma atividade. Era a “NY Fashion Week”.
Do lado de fora do pavilhão
do evento, além dos convidados e visitantes, um grupo usava da irreverência
para protestar contra o uso de peles de animais como peças do vestuário. Belas
garotas, em roupas minúsculas e sensuais (naturalmente para chamar a atenção
para a causa que defendiam) exibiam cartazes e entregavam folhetos. Esbanjavam
não só beleza, mas também simpatia.
Não hesitei e quis tirar uma
foto com a garota que nos abordou. Ela vestia uma fantasia de policial, com
direito a “cap” (aquelas boinas dos homens da lei). Traços orientais, pele
clara, rosto pontiagudo, cabelos castanho claro, sorriso largo, dentes brancos
e bonitos, contornos torneados, medidas adequadas (nada em exagero, nada em
falta), um tipo realmente belo. Um amigo que confessou certa vez ter uma
“queda” por japonesas certamente iria se apaixonar. Não sei o que chamou mais a
atenção entre os pedestres, se a jovem ou a causa que ela pregava. Arrisco-me a
dizer que muita gente – notadamente os homens - sem curiosidade aguçada (coisa
que não combina com jornalista) pouco reparou no que diziam os cartazes.
Protesto curioso e pacífico
em defesa dos animais. Tudo misturado, estilistas, designers, “fashionistas” (é
assim que eles se intitulam, não?) em geral, formando a comunidade da moda (de
quem a exerce, de quem a admira e de quem protesta). Todos juntos em plena
harmonia, debaixo do sol forte de setembro nas ruas de Nova York.
Um evento por si só, porém,
não teria o poder de catalisar a atenção de uma cidade gigantesca e com
centenas de atrações. Por isso, é preciso ir além. E é aí que entra o espírito
empreendedor norte-americano – que NY representa tão bem. A semana da moda é
para os “fashionistas”, mas não só. Um visitante completamente leigo e alheio
ao tema, como eu, pode se divertir e aproveitar um evento voltado para um
público tão específico.
Como? Simples: basta fazer a
semana da moda invadir bares, restaurantes e lojas. E Nova York faz isso com
perfeição. Na segunda passagem pela cidade em setembro, eu ainda não sabia que
o evento acontecia anualmente sempre no mesmo mês. Portanto, não tinha referência
alguma na mente. Ao andar pelas calçadas, porém, reparei que a cidade estava
lotada de banners convidando as pessoas para aproveitarem a “Fashion Nigth Out”
– ou a “noite da moda”.
Trata-se de uma noite
especial em que muitas lojas abrem em horário diferenciado com uma série de
promoções arrasadoras (e como são ávidos por descontos os consumidores em Nova York!).
Algumas lojas promovem eventos próprios, como a icônica Macy´s – que não só
estendeu um tapete vermelho para receber os milhares de clientes como levou até
lá grandes nomes da moda e do entretenimento ligado ao setor, como Rachel Roy e
Michael Kors.
Oito unidades da rede na cidade aderiram à iniciativa, anunciada como uma “celebração”.
Apesar de ver os folhetos, eu
até então ignorava a amplitude do evento. Só fui me dar conta disso quando
escolhi passar (e quem sabe comprar algo) pela Macy´s naquela noite de 10 de
setembro de 2009. Estava num hotel bem próximo, na Sexta Avenida. Tão logo saí,
vi uma multidão agitada e barulhenta perto da loja. Não entendi o que se
passava. Segui adiante e, quando me aproximei, reparei que as portas do local estavam
semicerradas, com seguranças. Bastou eu chegar, porém, e as portas se abriram.
Fui um dos primeiros a entrar pelo acesso secundário - já que o público se
acumulava na entrada principal, sobre o tapete vermelho. Foi como se a Macy´s abrisse
especialmente para mim.
Fiquei imaginando a sorte que
o acaso me reservou: milhares de pessoas esperando ali há horas (a loja havia permanecido
fechada durante todo o dia) para conhecer os ídolos da moda e aproveitar os
descontos e eu cheguei do nada e entrei tranquilamente na frente de todos.
Como eu ainda ignorava o que
se passava, fiquei meio perdido em meio ao turbilhão de gente que correu em
direção a algumas pessoas que distribuíam cartões. Decidi “seguir o fluxo” e
entrar na “onda”: ganhei um cartão daqueles tipo raspadinha. Você raspava e via
se teria algum desconto em qualquer compra. Faturei 10%. Além disso, a Macy´s
preparou um atendimento vip: funcionários elegantemente vestidos serviam
champanhe e petiscos aos clientes.
Filas se formaram em vários
pontos da loja para que as pessoas pudessem pegar autógrafos e tirar fotos com
os famosos – que eu, admito, desconhecia. Achei engraçado ver tanta gente
agitada e eu ali só observando, inerte. “Quem é esta pessoa? E aquela outra?”,
perguntava. Nas respostas, nomes até então desconhecidos para mim, mas que a
semana da moda de NY se encarregou de apresentar.
De fato, Nova York não
precisaria de nada disso para ser simplesmente espetacular. É preciso admitir,
porém, que atividades como a “Fashion Week” é que dão vida, colorido e tempero a
um lugar. É por essas atividades também que a chamada Big Apple seja talvez a
mais espetacular de todas as cidades. Bem-vindo a NY!
* A foto na qual eu apareço foi feita por um dos amigos que me acompanhava (Kelly Camargo e Cristiano Persona)
Nenhum comentário:
Postar um comentário