Meu julgamento talvez seja severo. Quem sabe, daqui a cem
anos, se há de vir em peregrinação à Défense para admirar, como se admira o art nouveau e o art déco, esses símbolos da arquitetura da segunda metade do século
XX? Talvez se recolham aqui diante do arco do triunfo dos negócios e das
finanças... É verdade, a Défense só tem cinquenta anos, foi o general De Gaulle
quem decidiu sua construção a partir de 1958, abrangendo as comunas de Puteaux,
Courbevoie e Nanterre, para fazer dela o polo econômico e financeiro da França das
Trinta Gloriosas. Olhando para o Arco do Triunfo, você verá, no fim da
esplanada, um pouco perdida entre as novas construções, a antiga estátua da
Défense, erguida em 1883, em homenagem à resistência dos parisienses por
ocasião da invasão alemã de 1870. O bairro lhe deve seu nome.
No fundo, em vez de ficar num conservantismo um tanto
ridículo, prefiro aceitar não os ultrajes, mas as audácias arquitetônicas de
minha época. Além disso, bem o sabemos, o tempo fará sua obra, a história
julgará, sem dúvida melhor do que eu! Pois, definitivamente, são esses os
últimos vestígios, os testemunhos do século em que vivo, e são indispensáveis a
Paris. (...)
Desenvolvendo-se para oeste, Paris, a Grande Paris de
amanhã, terá feito desse bairro de negócios cheio de torres agressivas uma
parte de si mesma, uma testemunha de seu passado, uma janela aberta sobre o
futuro.”
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