Défense, um símbolo de resistência

“Descendo no fim da linha 1, estação Défense, você o verá, o Grande Arco imaculado, moldura de um vazio sideral, que impõe sua arquitetura pretensiosa. Eu sei, o século XX não foi carinhoso com Paris (...). O Grande Arco, concluído em 1989, vem prolongar esse mau gosto, impondo sua forma na perspectiva do Arco do Triunfo.
Meu julgamento talvez seja severo. Quem sabe, daqui a cem anos, se há de vir em peregrinação à Défense para admirar, como se admira o art nouveau e o art déco, esses símbolos da arquitetura da segunda metade do século XX? Talvez se recolham aqui diante do arco do triunfo dos negócios e das finanças... É verdade, a Défense só tem cinquenta anos, foi o general De Gaulle quem decidiu sua construção a partir de 1958, abrangendo as comunas de Puteaux, Courbevoie e Nanterre, para fazer dela o polo econômico e financeiro da França das Trinta Gloriosas. Olhando para o Arco do Triunfo, você verá, no fim da esplanada, um pouco perdida entre as novas construções, a antiga estátua da Défense, erguida em 1883, em homenagem à resistência dos parisienses por ocasião da invasão alemã de 1870. O bairro lhe deve seu nome.
No fundo, em vez de ficar num conservantismo um tanto ridículo, prefiro aceitar não os ultrajes, mas as audácias arquitetônicas de minha época. Além disso, bem o sabemos, o tempo fará sua obra, a história julgará, sem dúvida melhor do que eu! Pois, definitivamente, são esses os últimos vestígios, os testemunhos do século em que vivo, e são indispensáveis a Paris. (...)
Desenvolvendo-se para oeste, Paris, a Grande Paris de amanhã, terá feito desse bairro de negócios cheio de torres agressivas uma parte de si mesma, uma testemunha de seu passado, uma janela aberta sobre o futuro.”
Lorànt Deutsch, “Próxima estação, Paris”, p. 341-2








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