De trem pelo Canadá

A vida parece rara nesta espécie de deserto de gelo. São quilômetros com uma paisagem praticamente de uma só cor. Pela janela não se vê quase nada que possa indicar a presença humana neste canto gelado do globo. Nem sequer animais são vistos. Mas eles estão por aqui. Há pegadas por todo lado. De ursos, coelhos, alces... A natureza também se faz presente, esverdeante nos arbustos e pinheiros.












O Canadá possui dimensões continentais, como o Brasil. É a segunda maior extensão territorial do mundo, quase dez milhões de quilômetros quadrados. Pra se ter uma ideia, o Brasil é o quinto neste ranking, com área de oito milhões e meio de quilômetros quadrados.
E acredite: é possível cruzar o Canadá de leste a oeste, do oceano Atlântico ao Pacífico, de trem. Quase seis mil quilômetros. É como ir de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, a Boa Vista, em Roraima.
O país tem cerca de 80 mil quilômetros de ferrovias. É a terceira maior malha do mundo, quase três vezes maior que a do Brasil, que tem 29 mil e 800 quilômetros. No Canadá, as ferrovias encontram muitos obstáculos naturais, como as famosas montanhas rochosas, uma cadeia que se estende por todo o sudoeste dos Estados Unidos, até o Novo México. Mesmo assim, elas foram decisivas para a formação do país. 
Três grandes companhias atuam no setor: a Canadian National, conhecida como CN; a Canadian Pacific, CP, ambas de controle privado; e a Via Rail, controlada pelo governo. 



Fundada em 1884, a CP está intimamente ligada à história do Canadá. Permitiu a integração de novas províncias, a colonização e o desenvolvimento do oeste canadense.
Criada em 1918, a CN é a maior companhia ferroviária do país. Sua malha vai da Nova Escócia, na costa leste, à Colúmbia Britânica, na costa oeste, além de ligar o Canadá à região central dos Estados Unidos ao longo do rio Mississippi. CN e CP atuam no ramo de cargas. 
Fundada em 1978, a Via Rail monopoliza o transporte de passageiros. Possui 12 mil e 500 quilômetros de trilhos, ligando oito províncias. Por ano, transporta cerca de quatro milhões de pessoas. É nove vezes menos do que os 35 milhões que viajam anualmente pela principal companhia aérea do país. O transporte de passageiros não chega a 3% das receitas do setor ferroviário. Mas é uma alternativa importante para um país com um território tão grande.




Nossa equipe testou dois trechos. De Montreal a Quebéc, uma viagem de pouco mais de três horas num trem com serviço de bordo e conexão grátis de internet. Durante o trajeto, encontramos a diretora de marketing da companhia, Sylvie Bougeois. Ela ressaltou que os passageiros realmente apreciam o conforto dos trens.
"Tem muito mais espaço do que os aviões. Não há estresse, não há correria para ir ao aeroporto. Nossas estações geralmente estão no centro”, diz. A diretora citou também que muitas pessoas utilizam os trens para viagens de negócios. “E esta é uma grande vantagem em relação aos aviões. No trem você pode chegar à estação apenas alguns minutos antes de embarcar, sentar-se confortavelmente, ter boas refeições, tomar uma taça de vinho se quiser e aí trabalhar.”

* Texto original de reportagem escrita para o programa "Matéria de Capa" (TV Cultura, dom., 19h)

Um comentário:

Unknown disse...

Amei,é ótimo saber que temos vários meios de conseguir fazer uma pesquisa e encontrar a resposta assim tão facilmente,preciso muito deste meio de conseguir fazer meus trabalhos e outras coisas mais...

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