A Suécia está de olho no Brasil

Quase dez milhões de habitantes, 12º maior Índice de Desenvolvimento Humano do planeta, uma terra de belezas naturais e arquitetura clássica banhada pelas águas escuras do mar Báltico e do mar do Norte. Situada na região mais desenvolvida do mundo, a península escandinava, a Suécia está de olho no Brasil.



 


Nos últimos anos, novas empresas suecas desembarcaram no país, atraídas principalmente pelo tamanho e o potencial do mercado consumidor brasileiro.  Na bagagem, trouxeram novas tecnologias.

Uma dessas empresas fica num prédio no centro de Estocolmo. Fundada em 2010, a iZettle desenvolve equipamentos para pagamento com cartão via celular e tablet. É só acoplar o equipamento no aparelho, abrir na tela o menu de produtos ou serviços, clicar no item escolhido e pronto. Em menos de trinta segundos a venda é feita. O recibo vai por e-mail. O aplicativo para as maquininhas é fornecido de graça. E funciona com as principais bandeiras de cartão de crédito e débito.
O diretor Johan Bendz conta que a empresa surgiu após um problema familiar. A esposa de um dos fundadores vendia óculos de sol em feiras pelo país e estava perdendo negócios por não aceitar cartões. Foi aí que o marido pensou num jeito de resolver o problema.
Hoje, a iZettle atua em nove países. No brasil, chegou em agosto de 2013 e já tem 40% do mercado. "Celebramos um ano no brasil e atingimos cem mil usuários", conta Johan. Ele não revela o faturamento, mas admite que os planos são ambiciosos. O desafio é descobrir as formas de pagamento que o cliente vai querer no futuro. "Como trabalhamos com pequenas empresas e vendedores de porta em porta, queremos criar soluções para ajudá-los a crescer. Pequenos negócios são importantes para a economia global. Representam mais de 30% do pib e mais de 60% dos empregos", fala.
O equipamento da iZettle também ajuda projetos sociais. No Brasil, é usado por guias em favelas do Rio de Janeiro para receber gorjetas dos turistas. Na Suécia, para a venda de uma revista criada há vinte anos como fonte de renda para moradores de rua de Estocolmo. “Os vendedores chegavam e diziam: ‘as pessoas não carregam mais dinheiro. Vocês têm que fazer algo’. Tem sido um sucesso. As vendas pessoais cresceram, a maioria de 30 a 60%”, comenta Pia Stolt, diretora da revista "Situation Sthlm". “Se alguém tentar comprar um sanduíche no quiosque ao lado eles não aceitam cartão, mas o vendedor da ‘Situation’ aceita. Isto os faz crescer e as pessoas ficam muito impressionadas.”  
A iZettle é apenas uma das mais recentes empresas suecas a ganhar fama mundial. As canções que milhões de pessoas ouvem em todo o mundo representam lucro para a provedora do serviço de "streaming" de músicas.  Criada em 2008 e presente no Brasil desde maio de 2014, a Spotify já possui 40 milhões de usuários no mundo.
Novidades nesta área não são surpresa na Suécia. A capital Estocolmo abriga uma das principais concentrações de empresas de tecnologia no mundo. É o chamado cluster - que aqui representa também a ligação entre as universidades e o mercado de trabalho.
Em Kista, no subúrbio, são cerca de 350 empresas, principalmente do ramo de telecomunicações sem fio. Como a Ericsson. Em novembro, a empresa promoveu seu fórum anual de inovação e apresentou novidades como a próxima geração de tevês. Controlada pelo celular, ela identifica quem está no ambiente, oferece os programas preferidos e recomenda outros. Também indica, por exemplo, os filmes em que seu ator favorito aparece. Assistir a vários programas ao mesmo tempo não será apenas um desejo. E, como num passe de mágica, os comandos mudam da tela do televisor para a telinha do tablet. 









 


E não é só. Um novo sistema que parece um jogo de videogame é nova uma tecnologia que pode ajudar, por exemplo, o combate a desastres naturais. Um óculos especial permite controlar a distância, por meio de Internet 5G, um trator – o que evita que as pessoas precisem ficar no comando das máquinas para lidar com desastres como o de Fukushima, no Japão, ou em outros ao redor do mundo.

A Ericsson foi a primeira empresa sueca a investir no Brasil, em 1924. Hoje, são mais de 180 no país - dois terços estão no setor de serviços (37%) e na indústria (36%). Segundo pesquisa da Câmara de Comércio Suécia-Brasil, 87% das empresas pretendem aumentar os investimentos no país nos próximos 12 meses.
Nos últimos dois anos, o comércio bilateral somou US$ 4,9 bilhões. A balança comercial é amplamente favorável à Suécia. As exportações brasileiras, principalmente café e minérios, somaram US$ 928,8 milhões e o país importou US$ 3,972 bilhões de empresas suecas.

* Reportagem original escrita para o programa "Matéria de Capa" (TV Cultura, dom., 19h30)

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